domingo, 15 de maio de 2011

IV- Florianópolis, bela Floripa

Se você vai viajar sozinha aqui no Brasil, planeje logo uma estadia em Florianópolis, melhor dizendo, Floripa. Você irá conhecer uma bela face do País, principalmente na primavera ou verão, quando poderá desfrutar das belas praias, situadas ao Norte ou ao Sul da Ilha. Poderá comprovar, também, que um outro mundo é possível, ele existe, e está bem aqui. Espero, de coração, que a “fantástica” exposição provocada pela novela da Globo não venha interferir, negativamente, nesse paraíso.

Não tem miséria?
Calçadão da Av. Beira-mar e sua ciclovia com mais de 10 km.
Ao chegar, percorrendo o longo caminho até o hotel aonde iria me hospedar, no Centro da Cidade, fui observando atentamente a periferia, perscrutando o alto dos morros e me perguntando: onde estão os pobres? Será que “maquiaram” a Cidade? Nada de favelas, nada de barracos encarrapitados uns sobre os outros, nada de esgotos a céu aberto. E assim foi, durante a minha curta temporada (seis dias): nenhuma manifestação explícita de miséria, pessoas pedindo esmolas, dormindo nas ruas, chafurdando o lixo, meninos de rua, bêbados, drogados ou prostituição. Da mesma forma, não percebi nenhum policiamento ostensivo nas ruas ou no trânsito. Não vi nenhum indício de desemprego, como camelôs, vendedores ambulantes. O ruído estridente e constante das sirenes da polícia ou das ambulâncias, também indicadores de violência, raramente nos importuna.
É uma cidade onde as pessoas ainda pedem (e recebem) carona, com segurança.

Pessoas cordiais e educadas
O que encontrei nessa cidade (limpíssima), com pouco mais de 400 mil habitantes, a capital brasileira com o melhor índice de desenvolvimento humano (IDH), da ordem de 0,875, foi uma população bonita, absolutamente cordial e educada, bastante orgulhosa dessa posição. José, um dos garçons do hotel onde eu estava hospedada, por exemplo, respondeu com precisão à minha constatação de que não havia meninas se prostituindo no calçadão de mais de 10 quilômetros da linda avenida Beira-mar, como se evidencia em outras capitais, do Nordeste, sobretudo. “Aqui o Conselho Tutelar atua, senhora”. Já um motorista de táxi explica que a população mais pobre sobrevive da pesca abundante, principalmente de frutos do mar e, mais recentemente, das “fazendas de ostras”. Fica aí a dica para a preferência gastronômica.
Em várias áreas há falta mão-de-obra, como na construção civil, e as empreiteiras estão recrutando-a em outros estados. O taxista, no entanto, mostra sua preocupação com os primeiros casos de crack que estão começando a surgir.  Sei, também, por um livro que relata os costumes em Floripa,[1] que, historicamente, pelo menos até os anos 1960[2],  havia uma forte segregação racial, quase mesmo um apartheid. Não posso afirmar, pelo menos não percebi nenhuma manifestação nesse sentido, se isso ainda acontece. É evidente, contudo, que a população negra ou parda é bem menor.
Imperdíveis
Florianópolis possui uma rede hoteleira ampla, com hotéis de várias categorias, cujos preços são inferiores aos do Rio de Janeiro e de algumas das capitais do Nordeste. Possui muitas opções de pousadas, sobretudo na linda Lagoa da Conceição, cerca de 14 quilômetros distante do Centro, próxima das praias Joaquina (preferida pelos surfistas) ou Mole, para quem curte um mar mais calmo.
Na Lagoa, se você gosta de boa música, blues e jazz, principalmente, não deixe de fazer um happy hour no Sintonia – música e café. A dona de lá é uma DJ e consultora musical que irá lhe “aplicar” raridades incríveis[3]. Durante o dia, poderá caminhar pelas ruas e admirar o trabalho das rendeiras.
Caso esteja hospedada no Centro, para evitar os R$30,00 do táxi até a Lagoa, dê preferência aos ônibus executivos, que circulam de hora em hora, são confortáveis e só se paga R$5,00. E, na avenida Beira mar[4], dê preferência ao chope gelado do Buteco da Ilha[5].  Nessa mesma avenida, existe um trapiche de onde saem passeios de barco a preços razoáveis.
A Praça XV, com o Palácio Souza e Cruz, visita obrigatória
Finalmente, reserve um bom tempo para visitar, tranqüilamente, o centro histórico de Floripa, a começar pela Praça XV de Novembro, onde estão situados o belíssimo Museu Histórico de Santa Catarina - Palácio Souza e Cruz -  e a Catedral. Daí, seguir para o prédio da antiga alfândega, onde está localizado um centro de artesanato e, nas proximidades, o mercado municipal, com dezenas de quiosques que abrigam bares e restaurantes cuja especialidade são os frutos do mar.
E:mail  gnogueirabh@yahoo.com.br

[1] MEDEIROS, Ricardo. No tempo da sessão das moças. Insular, 2ª ed., 2010. Florianópolis (SC).
[2] De acordo com os dados do censo demográfico de 1960, apenas 10% da população era formada por pretos e pardos, descendentes de escravos que se instalaram na Capital catarinense no século XVIII.
[3] Eu fui “aplicada” nas cantoras Bia Krieger (se pronuncia Biá), Eliane Elias e Ana Krüger.
[4] A avenida Beira-mar Norte, com sua ciclovia e os modernos arranha-ceús, foi edificada sobre os aterros da baía Norte.
[5] Eles possuem filiais na Lagoa da Conceição e na praia Jurerê Internacional, onde muitas externas da novela da Globo foram gravadas.

6 comentários:

  1. Prezada Giselle, que maravilha o seu blog! Me identifiquei com você em relação ao medo de avião! Heheehe
    E adorei a matéria sobre Floripa, irei para lá semana que vem e estava mesmo procurando dicas.
    Parabéns pelo blog!

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  2. giselle,
    já foi pro "caminito" em buenos aires?
    tudo muito colorido e aparentemente bonitinho, mas conversando com uma local portenha ela disse: as pessoas só vêem o exterior. por dentro são favelas e as pessoas passam necessidade.
    pois bem.
    floripa me lembra o caminito.
    por ser jornalista também, tenho muitas amigas redatoras e uma delas, curitibana como eu, trabalhou no DC (diário catarinense, o maior jornal de circulação local).
    ela me contou in off que oa dados do saneamento básico da ilha são alarmantes: apenas 50% (só a metade!) das ligações de esgoto são tratadas.
    o resto é tudo jogado no mar!
    httpp://www.clicrbs.com.br/especial/sc/floripatequerobem/19,0,3705195,Florianopolis-e-reu-no-Ministerio-Publico-por-falhar-na-fiscalizacao-do-saneamento-basico.html
    a avenida beira-mar norte, aquela que ficava próxima ao teu hotel, tem a água mais poluída da ilha.
    minha mãe é "barriga-verde" (como os naturais do estado de santa catarina são chamados) e conta que antigamente era bem normal as pessoas tomarem banho de mar ali!
    a meu ver, a qualidade da água de um povo tem TUDO A VER com a qualidade de vida dele.
    como se isso não fosse o suficiente, meu irmão, que é médico, contou que o melhor amigo dele, também médico, fez a residência em florianópolis, em cirurgia vascular, e disse que a saúde na capital catarinense é caótica.
    pra visitar é bem bonito (como o caminito, em buenos aires) mas pra morar... aí já são outros 500.
    beijo!

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  3. Oi Giselle!
    Achei o blog, as experiências e dicas muito legais.
    Entrei de curiosa no link sobre minha cidade e fiquei triste, sinceramente, essa visão que tens de Florianópolis é o que o turismo quer que tenhas, mas não a realidade. Não te culpo, realmente, maquiaram a cidade. A prostituição (de rua) não é vista na beira mar, mas principalmente na conselheiro mafra. A população pobre não é a que sobrevive da pesca e sim, existem morros, favelas e aglomerados de famílias vivendo por metro quadrado em diversos locais - claro que não deve ser tão assustador como cidades maiores que tens visitado, mas é necessário considerar que o que existe é triste para o total de habitantes da ilha. Enfim, floripa tem muita coisa boa pra oferecer também e é interessante pra economia que turistas tenham o foco nos pontos positivos..
    ps: a editora da UDESC publicou um livro sobre prostituição por aqui com artigos de professores das universidades daqui e mais "Prostituição em áreas urbanas - Histórias do tempo presente".

    att,
    Lara

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    1. Oi Lara,
      ao respondê-la, estou também respondendo à Bee,publicamente. Talvez eu tenha sido precipitada ao escrever sobre Floripa, mas fiquei tão impressionada com a minha primeira impressão que não resisti. Tantos amigos que estiveram por lá também falaram tão bem... Enfim, a gente sempre acaba comparando Florianópolis com a situação de outras capitais, no quesito desigualdade social e violência, e Florianópolis nos sai melhor.
      De qualquer forma, muito obrigada às duas pelas informações que serão muito úteis para nossos leitores.
      Um abraço carinhoso,
      Giselle

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  4. PREZADA
    POR ACASO PAREI AQUI,MAS MORO A 8 ANOS EM FLORIPA E VC DEVE SER CEGA.
    AQUI TA LOTADO DE FAVELAS, POBRES, TRAFICANTES E ESTUPRADORES ATE ESMO DENTRO DA UFSC, A SAUDE E UMA MERDA..SUA UNICA OBSERVAÇÃO CORRETA E QUE REALMENTE NÃO EXISTE POLICIA ..QUANDO SE PRECISA...ESSA E A ILHA DA MAGIA...

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  5. "
    Anônimo8 de fevereiro de 2015 05:52" ela foi em 2011 jovem, se liga!

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