quarta-feira, 29 de junho de 2011

VII- Medo de Avião

Pode parecer estranho, mas esta que vos escreve, pretendendo partilhar idéias e sugestões de viagens, tem um medo terrível de avião, melhor dizendo, tem pânico. Contudo, ultimamente isso não tem me impedido de, eventualmente, cruzar o Atlântico em direção ao velho mundo, que é o lugar mais longe aonde, até hoje, consegui chegar. Meço a distância entre um ponto e outro, o de partida e o de chegada, pelo número de horas de vôo.
Tal limitação muitas vezes me paralisou, impedindo lançar-me a vôos mais altos. Nas longas noites insones a bordo de um avião, aprendi a identificar com precisão os meus companheiros de fobia. Alguns deles tomam medicamentos fortes e dormem antes mesmo de o avião decolar. Outros conversam e riem muito alto, em uma tentativa incômoda de demonstrar tranquilidade. São aqueles que ficam contando casos de problemas ocorridos em alguma viagem, e até mesmo de acidentes. Existem os que ficam folheando, desatentamente, uma revista (nunca um livro), e também os que tiram um terço do bolso (ou da bolsa) e simplesmente rezam.
Eu, particularmente, viajo em um estado praticamente catatônico: raramente converso, mas tento ler ou escrever. A impressão que tenho é a de que se eu relaxar, o avião cai. É como se eu o carregasse nos ombros (ai, mea culpa, mea culpa...) Não adianta me falar (e até provar) que é o meio de transporte mais seguro, pois eu continuarei achando que mais seguros são os trens. Sei, também, que uma boa terapia ajudaria muito, mas eu teria que optar: ou gasto com o terapeuta, ou gasto com as viagens. Para ambos, meu dinheiro não dá. Também, se dona Lili Marinho, Oscar Niemeyer, Zeca Pagodinho, Rita Lee, entre tantos outros famosos fazem parte desse clube de medrosos, eu também posso. Afinal, somos todos filhos de Deus.
 No caso dos vôos internacionais, vou seguindo compulsivamente o trajeto do aviãozinho no monitor existente no encosto das poltronas, podendo prever com exatidão os trechos onde as turbulências são frequentes, como ao cruzar a linha do Equador.  Gosto, também, de olhar pela janela, para não me surpreender com as oscilações que ocorrem quando o avião penetra em alguma espessa camada de nuvens ou quando enfrenta uma tempestade. Não gosto de tomar remédios fortes, pois receio ficar sem ação, em caso de necessidade. Não bebo mais (como antes), pois já tomei porres homéricos em aviões, e perdi a conta dos micos que paguei por isso. O máximo que faço é tomar alguns comprimidos de Ansiodorom[1] e, alguns dias antes da viagem, começo tomar Rescue[2]. Contudo, não tive ainda a oportunidade de, por medo de avião, segurar a mão de um gato sequer, pela primeira vez.
Evito ao máximo os assentos próximos das asas, pois tenho a impressão de que balança mais. Prefiro sentar-me bem à frente, de onde posso acompanhar todos os movimentos e expressões dos comissários de bordo. Em uma dessas vezes, eu acho que cheguei a constranger um deles, pois pensou que eu estava, insistentemente, seguindo-o com os olhos por outros motivos, que não o de certificar-me de que estava tudo bem com o avião, sob controle. Eu percebi quando ele deixou de me servir e passou a tarefa para a aeromoça.
Enfim, é isso aí. Consegui escrever esse texto fazendo o trecho entre Florianópolis e São Paulo: nem vi o tempo passar.
Email: gnogueirabh@yahoo.com.br






[1] Medicamento homeopático produzido pelo laboratório Veleda, composto por Passiflora alata, Valeriana officinalis e Avena Sativa, usado principalmente em casos de insônia e ansiedade.

[2]O Rescue Remedy é o remédio de emergência das essências Florais de Bach aplicado em momentos delicados e situações difíceis. É fabricado em qualquer farmácia natural.



5 comentários:

  1. Excelente texto e ótimas dicas Gisele, parabéns pelo blog. Bjs

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  2. Podiam inventar o teletransporte né? Tenho muito medo também, muito antes de viajar tenho sintomas de ansiedade, minhas mãos transpiram só de pensar. Na última viagem que eu quase fiz(pois não embarquei, não pelo medo, mas por outros motivos) um pouco antes do embarque eu tive uma tremenda dor de barriga. rs Minha viagem mais longa foi para o Peru, em torno de 5 horas, lembro que peguei uma leve turbulência, mas essa experiência pra mim é tão traumática que eu costumo apagar da memória os vôos que fiz. Morro de vontade de ir a Europa, mas só de pensar nas horas de vôo tremo na base. Isso porque eu nunca viajei desacompanhada e não sei se teria coragem. Também considero o trem o transporte mais seguro, porque também tenho medo de dirigir e do jeito que vejo tanta gente dirigir feito louco também fico em estado de alerta até mesmo nas viagens terrestres. Também gostaria de fazer uma terapia, mas é muita grana, o único jeito ainda é enfrentar o medo, ter dor de barriga, deixar a mão transpirar, mas no final curtir a viagem e começar a planejar a próxima. rs

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  3. Olá, também tenho muito medo de voar, e estou iniciando minhas viagens sozinha, então suas dicas foram muito válidas! Obrigada!

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    1. Oi Claudinha
      muito obrigada, que bom você gostou do Blog.
      Espero que você faça ótimas viagens!
      Não deixe de nos informar.
      Abraço,
      Giselle

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